Divagações de Terça-Feira

No dia que eu percebi que eu tinha te perdido eu não acreditei. Não acreditei que eu pudesse ter sido tão burra a ponto de não dar valor ao seu amor por mim. Não acreditei que eu tivesse realmente conseguido te afastar de vez. Realmente, depois de tudo que eu fiz, eu nunca achei que fosse te perder. Eu já tinha errado tanto, te machucado tanto, mas parecia que nada que eu fizesse ia acabar com o que a gente tinha. No final, até o seu amor por mim tinha um limite, e por não ter tido um durante todos esses anos com você, eu acabei ultrapassando-o sem querer. Eu sou egoísta. Egoísta de te querer sempre só pra mim mesmo eu não sendo só sua. Egoísta de continuar te puxando pra mim mesmo só tendo te machucado. Egoísta de não conseguir te deixar ser feliz com outra pessoa; e egoísta de achar que só eu posso te dar essa felicidade. Eu me odeio por continuar cometendo os mesmos erros tantas vezes. Era de se esperar que uma hora eu começasse a pensar nos outros e menos em mim, mas parece que eu não consigo aceitar que eu não posso continuar controlando as pessoas e esperando um certo comportamento delas quando eu mesma não o faço. Eu me odeio por ter esperado até esse momento da nossa história para perceber que eu não sou nada sem você. Eu mudei muito desde que nossos caminhos se separaram e sei que você também, mas mesmo os dois mudados, ainda continuamos achando nosso caminho de volta para o que éramos. Apesar de toda a mágoa, todas as cicatrizes causadas por ações impensadas, o nosso amor nunca cessa, só cresce. Isso não é só bom como ruim. Bom porque me encontrar nos seus braços quando ninguém está olhando é um alívio e ruim porque quando voltamos para o mundo real, nosso amor permanece velado, evidente apenas dentro da nossa memória. Sinceramente, eu queria te esquecer. Queria esquecer meu amor por você, todos os momentos em que a gente riu, cuidou um do outro, e tantas outras coisas que me dão um nó na garganta só de pensar. Eu queria me sentir livre de ser eternamente sua e te libertar de ser eternamente meu. A dor de ser a outra é insuportável quando um dia eu já senti o que significava ser a única. A sensação de nostalgia ao olhar para o meu quarto e lembrar de tudo o que a gente viveu dentro dele: as brigas, os choros, as risadas, as noites em claro. Parece que ninguém nunca vai conseguir tomar o seu lugar dentro de mim, ninguém vai conseguir ter o significado que você teve na minha vida, ninguém vai conseguir me ter por inteiro como você tinha. Todo segundo de cada dia sem você é repleto da sensação de não ser mais sua. O bom é que me sinto livre do para sempre e o ruim é que eu continuo te amando em cada um desses segundos.

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